Há alguns anos atrás, há uns trinta anos atrás, um grupo de garotos e adultos esgueiravam-se por um muro que cercava um grande matagal e reuniam-se lá depois das horas mortas das noites. Voltavam perturbados ou calmos mas sempre aparentando normalidade dentro dos limites de suas próprias neuroses. O que ele faziam agrupados tão sorrateiramente naquele matagal? Fumavam maconha.
Só isso? Sim. Somente puxavam fumo, falavam de mulheres, brigas, perseguições e coisas que naquela época não podiam falar abertamente como um simples palavrão ou questões mais nebulosas da política do país ou mesmo do bairro. O medo era um grande olho fixo em cada um deles...
Eventualmente alguns roubavam o que estivesse ao alcance das mão ou até mesmo assaltava um tanseúnte. Meu pai foi um dos assaltados naqueles tempos. Eram marginais, homens simples e ignorantes na maioria das vezes, mas marginais. Gente que optou, pelo menos naquele momento, por seguir uma vida menos regrada e mais excitante. Gente que optou por não ter responsabilidades imediatas ou futuras e queimar a vida num trago furtivo durante a noite.
Mas que em determinado tempo, depois de passado os arroubos da juventude, acabavam num emprego, numa escola, numa família, integrados á sociedade e renegando o banditismo incipiente da maconha escondida.
Quase posso dizer..."Bons tempos aqueles..."
Hoje, o garoto enrrola a paranga enquanto anda na calçada em plena luz do dia. Acende seu cigarrão e fuma como se fosse um cigarro de tabaco qualquer vendido em caixinhas sedutoras. Muito pior que isso, ingressam facilmente em drogas mais fortes e perdem completamente a noção do juízo. Matam-se e morrem antes de atinar que esse caminho não dá em nada. Até porque, já existe uma sociedade permissiva e apológica que os envolve além dos limites da juventude inconsequente. Eles tem músicas, histórias, modelos, personagens e organizações criminosas para se sustentar. Viver bandido hoje é como ser um cidadão normal, honesto e trabalhador de trinta anos atrás. As músicas apresentam temas de violência e traição de formas pretensamente justificadas. Há hoje uma moral alterada, adaptada de dentro dos presídios e dos guetos mais violentos para a realidade do garoto de classe média que não trabalha e fica navegando pela internet. Essa moral da violência justifica o crime mesmo os cometidos por outros de outros poderes ou classes sociais.
Mas a apologia não para na violência. A sexualidade banalizou-se a tal ponto de um pai e uma mãe não perceber o conteúdo fortemente pornográfico das letras de muitos funks que a garotada de tenra idade baixam na internet ou ouvem em ráios piratas. Os "funks" apresentam letras de mau gosto recheadas de palavrões e obcenidades.( Quase me sinto obceno criticando isso! ) Na periferia das grandes cidades, a cultura virou de cabeça para baixo. Os movimentos de libertação que propunham mais cultura para o povo durante a abertura política da década de oitenta descambou para os bailes funks que tiram do povo o pouco que resta de seua cultura genuína.
O garoto de hoje não tem tempo para amadurecer. Passa da idade na casa dos pais alimentando-se de perversidades que a cultura tornou "glamourosa". E embriaga-se de drogas que o tiram o pouco que lhe resta de humano.
Posso estar escrevendo besteiras, mas daqui de dentro dessa realidade, só me resta pensar que toda essa geração está perdida!
Só isso? Sim. Somente puxavam fumo, falavam de mulheres, brigas, perseguições e coisas que naquela época não podiam falar abertamente como um simples palavrão ou questões mais nebulosas da política do país ou mesmo do bairro. O medo era um grande olho fixo em cada um deles...
Eventualmente alguns roubavam o que estivesse ao alcance das mão ou até mesmo assaltava um tanseúnte. Meu pai foi um dos assaltados naqueles tempos. Eram marginais, homens simples e ignorantes na maioria das vezes, mas marginais. Gente que optou, pelo menos naquele momento, por seguir uma vida menos regrada e mais excitante. Gente que optou por não ter responsabilidades imediatas ou futuras e queimar a vida num trago furtivo durante a noite.
Mas que em determinado tempo, depois de passado os arroubos da juventude, acabavam num emprego, numa escola, numa família, integrados á sociedade e renegando o banditismo incipiente da maconha escondida.
Quase posso dizer..."Bons tempos aqueles..."
Hoje, o garoto enrrola a paranga enquanto anda na calçada em plena luz do dia. Acende seu cigarrão e fuma como se fosse um cigarro de tabaco qualquer vendido em caixinhas sedutoras. Muito pior que isso, ingressam facilmente em drogas mais fortes e perdem completamente a noção do juízo. Matam-se e morrem antes de atinar que esse caminho não dá em nada. Até porque, já existe uma sociedade permissiva e apológica que os envolve além dos limites da juventude inconsequente. Eles tem músicas, histórias, modelos, personagens e organizações criminosas para se sustentar. Viver bandido hoje é como ser um cidadão normal, honesto e trabalhador de trinta anos atrás. As músicas apresentam temas de violência e traição de formas pretensamente justificadas. Há hoje uma moral alterada, adaptada de dentro dos presídios e dos guetos mais violentos para a realidade do garoto de classe média que não trabalha e fica navegando pela internet. Essa moral da violência justifica o crime mesmo os cometidos por outros de outros poderes ou classes sociais.
Mas a apologia não para na violência. A sexualidade banalizou-se a tal ponto de um pai e uma mãe não perceber o conteúdo fortemente pornográfico das letras de muitos funks que a garotada de tenra idade baixam na internet ou ouvem em ráios piratas. Os "funks" apresentam letras de mau gosto recheadas de palavrões e obcenidades.( Quase me sinto obceno criticando isso! ) Na periferia das grandes cidades, a cultura virou de cabeça para baixo. Os movimentos de libertação que propunham mais cultura para o povo durante a abertura política da década de oitenta descambou para os bailes funks que tiram do povo o pouco que resta de seua cultura genuína.
O garoto de hoje não tem tempo para amadurecer. Passa da idade na casa dos pais alimentando-se de perversidades que a cultura tornou "glamourosa". E embriaga-se de drogas que o tiram o pouco que lhe resta de humano.
Posso estar escrevendo besteiras, mas daqui de dentro dessa realidade, só me resta pensar que toda essa geração está perdida!