22 de out. de 2007

Marcelo Nova em bate papo no Sesi

Pré-MTV, Pré-videoclip, pré-internet, assim se define Marcelo Nova, roqueiro, não como os velhinhos da Banda Rolling Stones rebolando seus cus magros em calças apertadinhas, mas como a história viva de parte significativa da música popular brasileira. Sentado num banquinho, com seu violão, contou a estória do Rock vista de sua ótica privilegiada, e cantou o que lhe deu na "telha" entremeado em seu monólogo afiado como navalha.
A estória de Marcelo Nova, fundador da banda "Camisa de Vênus" é, antes de tudo, a trajetória do artista independente e de personalidade forte. Não se rendeu à "indústria" estupradora de talentos que queria mudar o nome de sua banda, Camisa de Vênus, por ser considerado um palavrão na época. Espirituoso, Marcelo sugeriu "Capa de Pica", um significativo substituto para tão verborrágico nome.


Nascido na Bahia, em 16 de agosto de 1951, filho do médico, Marcelo deu trabalho ao seu pai quando conheceu o tal do rock and roll. Em sua casa, nessa época, por volta do 9 anos, a música no lar era "plácida sonoridade" do pai ou a bossa de João Gilberto que a irmã ouvia. O Rock, nessa época começava a juntar sua fama de maldito com os escândalos de Jery Lee casado com a prima de 13 anos, Myra Gale Brown, os frequentes casos envolvendo entorpecentes e a cisão que o estilo provocava no gosto musical da década de 60. Logo foi alçado a condição de "Música do Demônio", entre outros.

Nova viu pela primeira vez uma banda de Rock numa feira em Salvador. A banda era de um vizinho seu. Raul Seixas. O show deixou uma impressão mais forte do que a "Kombi", a Van da época, e as mulheres que o rock facilitava. Muito tempo depois iria conhecer Raul em um show e se tornariam muito amigos até a morte prematura de Raul.


Em 1980, lança a banda "Camisa de Vênus" como um esculhambação à Bahia que nessa época era vendida pela mídia e pelos artistas já consagrados como o "Paraíso Tropical". Mas de paraíso, naquela época como agora, a Bahia nunca teve nada. Favelas, fome, violência e muita miséria. Contra isso o artista se insurgiu quando criou a banda. Mas ele não tem nada de marxista, além do fato de ter acreditado em Marx um dia(quem não acreditou, né?).

Dono de uma crítica ácida á muitos aspectos de nossa sociedade, Marcelo Nova é um artista lúcido e afiado que atingiu a maturidade de sua obra e carreira profissional. Além disso, é uma lenda viva do Rock nacional.

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